Bosco OlazabalA credibilidade dos bancos em Portugal está de novo a ser posta em causa, fenómeno este que deve ser ultrapassado devido à importância que os mesmos têm no desenvolver da nossa sociedade.

Não é consensual quando apareceram os primeiros bancos, o que sim é sabido é que a atividade de aceitar depósitos e emprestar dinheiro existe pelo menos desde o tempo dos fenícios. Atualmente o banco mais antigo ainda a operar é o italiano Monte dei Paschi fundado em 1472. A indústria cresceu com o aparecimento de novos bancos privados ao longo do tempo e também de bancos centrais como o de Inglaterra em 1694 que serviu de modelo para muitos dos subsequentes bancos centrais que surgiram. Com a ajuda da globalização, a indústria bancária acabou por assumir a enorme dimensão que apresenta hoje em dia.

O processo não foi de todo tranquilo e nada melhor que a história estado-unidense para perceber isso. Foram bastantes os choques que o sistema bancário e em simultâneo a sociedade sofreram ao longo do tempo. Temos, por exemplo, a crise entre 1837 e 1843 em que 343 dos 850 bancos que existiam nos Estados Unidos da América fecharam portas; em 1907, deu-se o pânico dos banqueiros como consequência do incidente da United Cooper; em 1929, a famosa quinta-feira negra e mais recentemente com início em 2007 o colapso do sistema bancário à escala mundial. É por isso imperativo tentar entender alguma variável comum que todos estes choques possam ter de forma a minimizá-los, e para isso é necessário perceber a indústria bancária e aquilo que a mesma significa.

A importância do sistema bancário no mundo é inquestionável. São estas instituições que permitem que o dinheiro circule e chegue às mãos daqueles que munidos de ideias de negócios o invistam na esperança de criar valor. Mas é esta ligação entre os bancos e o desenvolvimento da sociedade que torna a indústria bancária uma indústria tão delicada. Para o mundo chegar ao nível avançado de desenvolvimento dos dias de hoje foi preciso um sistema bancário que suportasse e alimentasse o crescimento o que acaba por criar uma dependência grande da sociedade na indústria bancária. Por outras palavras, se a teia de bancos colapsa a sociedade acaba por sofrer de forma direta e intensa e vice-versa.

Tudo isto me leva à seguinte pergunta: como conseguimos fomentar o crescimento das instituições bancárias e por sua vez maximização dos lucros dos seus acionistas ao mesmo tempo que fomentamos o crescimento e desenvolvimento da sociedade?

Uma das chaves para a resolução de tal enigma, na minha, opinião é o alinhamento dos interesses entre a sociedade e os próprios bancos. Sendo assim a variável de interesse neste caso é precisamente a responsabilidade social, o que significa que os bancos na hora de delinearem os seus planos de crescimento para o futuro devem pensar naquilo que mais sentido faz para a sociedade que os rodeia e as pessoas que utilizam os bancos na hora de recorrer aos mesmos também devem de forma sensata e imparcial pensar se as suas aspirações fazem sentido e por sua vez deveriam ser tidas em conta.

No fundo o que acaba por ser exigido por esta linha de pensamento é um esforço conjunto às instituições bancárias e aos seus utilizadores, onde o foque central é o bem-estar social. O meu ponto de vista diz-me que faz todo o sentido, visto que é indubitável que o sistema bancário é o motor que fomenta o crescimento de qualquer sociedade, e esta mesma sociedade deve então ser o ponto de interesse para o crescimento sustentável. Tudo isto me leva a crer que as bases do desenvolvimento do mundo em que vivemos estão na capacidade de os bancos pensarem na sua atividade desde o prisma da responsabilidade social e na capacidade de a sociedade olhar para os bancos como instituições sérias e credíveis que se utilizadas da forma correta podem facilitar o processo de preservação e possível multiplicação de capitais.

Article published on June 22nd, 2014 · Jornal de Negócios

Bosco Olazabal · Nova Investment Club


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