Em Portugal existe uma enorme quantidade de fundos públicos investidos em capital de risco. Do elevado número de empresas que os fundos públicos detêm no seu portefólio, são raros os casos em que elas são governáveis e, ainda mais, as que geram retorno do capital investido.
Obviamente, um fundo público, em comparação com um fundo privado, requer uma participação significamente menor pelo mesmo capital. Assim, os empreendedores que escolhem fundos públicos continuão a deter uma maior percentagem do capital da sua empresa. No entanto, a questão que se impõe é: ”O que trazem estes fundos públicos às empresas portuguesas?”. E a resposta: “Pouco ou nada!”
Um fundo privado compromete-se com capital pelo qual tem responsabilidade. Existe um incentivo muito diferente – maior – para garantir que, quando chegar à altura de sair da estrutura de capital da empresa, tenha uma fatia de um “bolo” maior que à partida não era tão grande. Como se faz isto? Assegura-se a criação de valor através do uso da experiência dos seus empregados, da sua rede de contactos e de muitos e variados incentivos aos gestores das empresas em portefólio.
Um fundo público não partilhando resultados positivos com os seus empregados nem penalizando os maus resultados cria um sistema de incentivos desfavorável à criação de valor. Assim, ao atrair capital humano pouco experiente para ajudar e acompanhar as empresas em portefólio, vêem-se resultados bem diferentes das empresas apoiadas por fundos privados. Neste sentido, portanto, o valor adicionado por um fundo privado à sociedade é bem maior do que o que provém de um fundo público.
O fácil acesso a capital “barato” dos fundos públicos é uma ilusão que não compensa; ter financiamento de um investidor público pode, muitas vezes, significar o fim de projectos e empreendedores com grande potencial.
Em suma, o princípio dos fundos públicos em si mesmo não é mau, mas a sua aplicação neste sistema é um fracasso. O investimento do dinheiro dos contribuintes, bem como o dos fundos comunitários europeus, seria mais eficiente se alocado às áreas da educação ou da cultura onde, pelo menos, existiria retorno em capital humano.
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