O ano de 2011 ficou demarcado nos mercados internacionais pelo elevado grau de incerteza, a crise soberana na Europa, incerteza política no Médio Oriente e regulação do sector financeiro. No entanto, o mercado global de fusões e aquisições registou em 2011 um bom ano de actividade com $2178 biliões em transacções anunciadas, 2.5% acima de 2010 com $2125.9 biliões, o ano com maior nível de actividade desde 2008. O espaço de fusões e aquisições e capital de risco em Portugal, acompanhando do desempenho da praça bolsista e recessão do país, fixou um baixo nível de actividade, algo que a área de Investment Banking do Nova Investment Club acredita que poderá reverter no futuro e alterar de uma forma dramática as empresas que hoje conhecemos do PSI20. Em Portugal, as maiores operações em 2011 provieram de capital estrangeiro: (1) venda de 30% da Petrogal Brasil, unidade da Galp Energia no Brasil à China Petroleum, (2) venda de 21% da EDP à China Three Gorges pelo Estado Português e (3) venda da participação de 4.1% que a Espirito Santo Financial Group detinha no Bradesco.
Com a estabilização e melhoria da confiança nos mercados internacionais, cumprimento de políticas económicas estabelecidas pela Troika, recapitalização dos bancos e descida das yields das obrigações soberanas a 2 anos para um mínimo de 9.37% em Março desde Abril de 2011, após o nível recorde de 21% em Janeiro, acreditamos que as perspectivas para fusões e aquisições se revela mais optimista. A exemplo da OPA da José de Mello à Brisa e da Camargo Corrêa sobre a Cimpor, outras operações surgirão no futuro.
As actuais maiores cotadas nacionais poderão passar de 20 para um espaço de até 10 a médio-longo prazo. Dada a grande desvalorização sofrida pelos constituintes do PSI20 nos últimos 3 anos, alguns potenciais movimentos de fusão ganham forma, como é exemplo uma aquisição da EDP Renováveis pela EDP. A BRISA e Cimpor poderão tornar-se brevemente empresas não cotadas, esta última com a possível integração da Cimpor com a Camargo Corrêa. Dada a fragmentação e declínio do mercado de construção e limitada capacidade financeira será provável um processo de consolidação no sector, sendo maximizadas sinergias numa possível fusão entre a Mota-Engil e a Teixeira Duarte. É também conjecturável uma OPA da Semapa à Portucel, dada a capacidade de geração de cash-flow, o que poderá levar a família Queiroz Pereira a apropriar-se da totalidade dessa geração de cash-flow. Após a desblindagem dos estatutos que limitavam accionistas a deter mais de 10% dos direitos de voto na Zon, melhoria da capacidade competitiva no sector e possível reforço de Isabel dos Santos, será possível também uma fusão da Zon com a Sonaecom. Reflexo da capacidade estratégica do grupo Sonae, de no passado tornar privadas e voltar a converter em públicas as várias empresas do grupo acredito que, perante melhor performance operacional da Sonae Indústria, aliada à percepção pelo accionista maioritário de uma favorável evolução do mercado imobiliário, nomeadamente no complexo de Tróia, no caso da Sonae Indústria e Sonae Capital, poderemos assistir a movimentos de entre estas unidades e o grupo. Muitas outras cotadas fora do PSI20 devido a forte desvalorização e baixa liquidez poderão ser tornadas privadas, caso da Corticeira Amorim, SAG ou Ibersol.
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