Os jornais alemães continuam a reportar a problemática que os países do sul da Europa – Grécia, Espanha, Itália e Portugal – declaram ineficiência, corrupção, evasão fiscal e fraude, um nível demasiado alto de consumo das famílias ou até a baixa produtividade como razões para a crise que vivemos; outros chamam-lhe, com um pouco mais de delicadeza, diferenças estruturais entre os estados-membros da zona euro, considerando os países do sul da Europa uma ameaça ao sistema e estando por isso sempre no centro das atenções.
No entanto, estes países foram também tópico de discussão precisamente quando a Alemanha teve dificuldades em manter o seu crescimento económico, à medida que o consumo interno estagnava e foram estas nações – agora problemáticas – a solução para o problema. Políticos e Industriais viram nestes países o público-alvo para as suas exportações: com a vontade de comprar carros de origem germânica e demais produtos “Made in Germany”, sem no entanto terem os meios financeiros e capacidade de longo prazo para sustentar este padrão de consumo.
Não há problema que não tenha uma boa solução: a Alemanha exportou os seus produtos, como ofereceu também o acesso ao crédito e a possibilidade de os adquirir, tornando-os (supostamente) acessíveis. Este conceito de expansão económica – através do aumento do consumo, investimento, criação de emprego e riqueza – funcionou até que a primeira das nações não fosse capaz de pagar os juros da dívida até então acumulada, talvez justificados pelo risco e perfil de crédito? Talvez porque as perspectivas de crescimento foram demasiado optimistas?
Olhando para o estado em que a União Europeia se encontra é importante analisar e evitar que tal se repita. Francamente, em vez de julgar cada país deveríamos questionar se a forma da União Europeia não terá sido mal interpretada ou especificada em primeiro lugar. Afinal, todos sabíamos que os diferentes Estados-membro eram estruturalmente diferentes. Não teria sido possível aceitar este facto e alertar as nações para as implicações de uma união económica e monetária, em vez de fomentar uma percepção e cultura consumista?
Com a actual tensão económica, torna-se indispensável a busca de uma solução sustentável. A rotura ou saída de um país da união monetária não deveria ser sequer tópico de discussão. Afinal quando casamos com alguém não o fazemos apenas pelos bons momentos, criar uma história comum e depois abandonar o barco quando as coisas se complicam. Os problemas devem ser debatidos, resolvidos, se necessário com medidas drásticas e não, deixando de chegar a uma solução que acaba por destruir o esforço histórico.
Afinal, a quebra da União monetária deviam levar-nos a todos a equacionar se os custos legais e políticos não serão demasiado elevados para todos nós.
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