Quanto ao encaixe financeiro, parece não fazer muito sentido a venda da TAP neste momento. Em primeiro lugar, apesar do bom momento da empresa, o ambiente económico não é o melhor, levando a uma valorização em baixa da empresa.
Deveria a TAP ter sido vendida? E mais importante, será a privatização da TAP inevitável? Se a primeira pergunta dá espaço a debate, a segunda nem tanto, a menos que haja um verdadeiro ‘game-changer’.
Desta feita, Portugal comprometeu-se a vender a sua posição na TAP, de forma a obter um encaixe financeiro destinado ao saneamento das contas públicas.
No entanto, é de uma importância superior a posição que a TAP tem como grande contribuinte para a economia nacional, nomeadamente para a área do turismo e dos negócios. Antes de olhar para o montante realizável na venda, o mais importante é garantir que existe um plano estratégico para a empresa que continue a suportar a economia nacional.
Se olharmos para a TAP, vemos uma empresa que tem um balanço sobrecarregado com dívida (passivo aprox. EUR 2,3mil milhões), com capitais próprios negativos, e onde o accionista (Estado Português) não pode intervir, visto não ser permitido de acordo com as leis comunitárias. Sendo que o Estado não pode intervir na empresa, o próprio accionista está a limitar as perspectivas futuras da empresa.
É importante notar que do ponto de visto de estratégia de empresa, a TAP apresenta um plano sólido, que desperta o interesse estratégico de vários players, e um volume de passageiros que atingiu valores recorde no ano de 2012. Apesar disto, a divisão de manutenção no Brasil acaba por prejudicar o valor da TAP como um todo, tendo sido responsável por afastar grandes empresas do processo.
Aparentemente, privatizar a TAP acabaria por ser um passo na direcção certa. Primeiro, libertaria a TAP dos constrangimentos financeiros actuais, através de uma injecção de capital, e segundo, teria um impacto positivo na economia portuguesa – através do acesso a novas rotas, é seguro assumir que o tráfego de passageiros iria aumentar, potenciando o turismo e a divulgação e transacção de bens portugueses.
Claro que se teria de garantir que caso a TAP viesse a ser vendida no futuro, o governo Português teria prioridade sobre outros interessados, e que os centros de operações da empresa não sairiam de Portugal. No entanto, haveria sempre algum risco inerente, devido a incumprimentos das contrapartes, ou possíveis lacunas, risco o qual seria preferível não correr.
Quanto ao encaixe financeiro, parece não fazer muito sentido a venda da TAP neste momento. Em primeiro lugar, apesar do bom momento da empresa, o ambiente económico não é o melhor, levando a uma valorização em baixa da empresa. Em segundo lugar, devido à situação financeira do Estado, o Governo acaba por ter pouco poder negocial junto dos possíveis interessados, sendo que o processo negocial tem uma influência significativa no valor da venda.
Com tudo isto em mente, seria ideal vender quando as condições económicas fossem mais favoráveis?
Ou será a solução algo semelhante ao “Chapter 11” existente nos Estados Unidos, permitindo a reestruturação da empresa, e assim manter a companhia “de bandeira”?
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